SEGUIDORES

23 fevereiro 2015

MINÚSCULAS, POREM MAIÚSCULAS // ISABEL VIEIRA

O mundo está cheio de coisas minúsculas e que me fazem pensar.
E outras vezes nem penso. Só olho. Olho muito mais do que penso. Pensar é não arriscar!
Gosto das coisas minúsculas que tem mundo....




Gosto e ando para trás e para a frente com esse gostar. Porque nunca se gosta bem à primeira, nem à segunda. Há alturas em que tenho que me perder a olhar para depois e só depois gostar. Porque o que me seduz só me seduz e pode não durar.
As coisas minúsculas do mundo já foram escritas e reescritas por sábios que não faziam outra coisa, senão olhar.
Já vi essas coisas escritas e reescritas em muitos lados porque acho que também quero ser sábia. Quero ser uma sábia maluca, com óculos na ponta do nariz, e com as mãos enrugadas de tanto olhar as coisas minúsculas porque são difíceis de segurar.
Um dia, à tarde, perdi-me entre conchas de búzios, conchas de caracóis, que enchi de terra e encarreirei tudo como se fosse fazer um desfile de coisas inúteis.
O mundo está cheio de coisas inúteis que pessoas sacodem e empurram como se estivessem a sacudir o pó. Outras vezes esborracham-nas porque nem ligam ao que existe debaixo dos pés.
Outro dia, à tarde, arranquei bolas de roseiras e deixei-as num muro que era para depois as encarreirar também, juntamente com as conchas de búzios e de caracóis.
O brilho que tinham as bolas de roseira não dá para contar.
O brilho das coisas é impossível de contar a alguém, mesmo que esse alguém tenha ouvidos compridos, como túneis cheios de coisas minúsculas que se entulham em bosques sagrados.
Gosto do barulho das coisas minúsculas e do alarido das aves que se amedrontam com elas.
Há alturas em que as aves se comportam como gente esquisita, como eu, por exemplo, desde que me lembrei de colecionar coisas minúsculas e de as acarretar no regaço.
Já tenho as mãos sujas de tanto procurar.
Já tenho flores nas unhas e musgo nos calcanhares.
Um dia destes, deixo de ser gente e passo-me para o lado das coisas minúsculas.
Quero viver com elas e encarreirei-me em cima dos muros, que já perderam a cor. Muros pintados são defendidos por gente sem graça.
22-02-2015
Isabel Vieira

2 comentários:

  1. Olá, Sérgio! Fartei-me de andar até aqui. E, tal como te prometi, aqui estou. Ainda bem que deixaste o teu site na minha foto. Será mais fácil no futuro. Não para encontrar as minhas coisas, porque as tuas publicações são inúmeras, mas para te encontrar a ti, simplesmente a ti. Gostei que tivesses partilhado este meu trabalho no teu espaço. Gosto sempre! Só não entendo porque não consegues contactar-me via mail se já te deixei os meus dois endereços electrónicos. Se não te importas, deixa-me, no facebook, via mensagem, o teu endereço electrónico porque também estou perdida. Não é verdade que te tenha abandonado. Jamais faria uma coisa dessas. Outra questão, tu sabes que eu não gosto muito de internet. Há dias em que saiu mais depressa do que entro. Bom, deixo-te um beijinho e vou tentar contactar, via facebook. Não digo hoje. Amanhã. Beijinhos

    ResponderExcluir
  2. Isabel, responde-me uma coisa: estás a conseguir enviar e-mails para outras pessoas?
    Eu já percorri a lista do lixo eletrônico (mais de 500 nomes) duas vezes e teu nome não está bloqueado. Tens usado teu computador normalmente, o Face v. acessa por ali? É óbvio que o problema está no teu servidor de mensagens e só um técnico resolverá isto. Um grande beijo

    ResponderExcluir

MESMO QUE NÃO TENHA TEMPO COMENTE. SUA VISITA É
MUITO IMPORTANTE E SEUS COMENTÁRIOS TAMBÉM...
ANÔNIMOS ACEITOS, DESDE QUE NÃO OFENSIVOS. UMA COISA IMPORTANTE: AS CAPTCHAS NÃO TÊM DIFICULDADE PARA AS PESSOAS. AS LETRAS OU SÃO MAIÚSCULAS OU MINÚSCULAS, NÚMEROS SEMPRE IGUAIS. CASO NÃO ENTENDA HÁ UMA RODINHA PARA V. MUDAR ATÉ ACHAR MELHOR.OBRIGADO.