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11 março 2015

UMA UPP PARA OS SHOPPINGS? // O GLOBO

Como cirurgião frequento emergências, centro cirúrgico e CTI. Fico cercado por monitores, que medem a pressão arterial, eletrocardiograma, frequência cardíaca e outros parâmetros. É preciso estar vigilante com o que mostram. Qualquer alteração nos obriga a examinar novamente o paciente. Esta constante vigilância contribui para a segurança.
Recentemente houve um sequestro num dos shopping mais elegantes do Rio de Janeiro. Semelhante a um CTI, as intercorrências são monitoradas. Neste caso, a administração do shopping negou inicialmente a existência de anormalidades. Com a chegada da polícia as imagens anormais apareceram. A vítima pode ajudar o poder público.
Após a grande cobertura da imprensa deste caso, descobriu-se ocorrências semelhantes. Em diversos shoppings. A mentira contribui para agravar o problema. O marketing não pode ser adversário da transparência.
Os shoppings são mini cidades. Milhares de pessoas circulando. Neles há uma enorme e custosa estrutura de segurança - câmeras, rádios e vigilantes.  Estes profissionais recebem salário inadequado e desproporcional ao lucro dos empresários de segurança. Nada ilegal, mas não é justo. Mas, o mais grave é que  não recebem um “DOTE” - doutrina, treinamento e equipamentos.
Os estacionamentos carecem da presença física dos vigilantes, circulando em andador elétrico, em deslocamento rápido, inibindo oportunistas. A iluminação deveria ser eficaz.
Os monitores hospitalares e dos shoppings necessitam do olho humano.
Nos shoppings são em média dezesseis imagens por monitor. Quinze, trinta monitores! Duzentas, quatrocentas imagens para vigiar.  Expor, num aquário, todos estes monitores coloridos, não é segurança. É marketing. Não inibe a ação dos marginais profissionais.
As modernas câmeras permitem identificar a chega, saída e tempo das pessoas em cada setor.  Este custoso investimento é ineficaz, quando operado de forma inadequada, reativa ou apenas após a pressão pública. É inadmissível haver poucos profissionais avaliando tantas imagens.
O criminoso é quem decide quando, como e onde vai agir.
Não se busca o confronto entre bandidos armados e vigilantes. A monitorização em tempo real permite acionar contingências. Um exemplo de eficiência é o Centro de Operações da Prefeitura do RJ, que monitora ao vivo inúmeras ruas. Nos shoppings deveria ocorrer o mesmo. Não se desperdiçaria tempo, que pode custar vidas. A polícia avisada precocemente faria o seu trabalho, pois é quem está melhor preparada para atuar nas situações críticas.
A segurança pública não é problema apenas da polícia. Comerciantes e clientes pagam caro, na esperança de conforto e segurança. Podem até ter conforto, mas não estão protegidos. A segurança não está na parte visível deste enorme iceberg.
Responsabilizar a polícia, por não coibir crimes ocorridos no interior de shoppings, é desculpa esfarrapada.
Só falta agora pedirem a instalação de uma UPP para o shopping.

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