Eu dou graças a Deus por estar chegando ao final de minha carreira médica.
Nunca fui brilhante, nem professor, nem cientista, nem sequer poderia considerar-me um sacerdote da profissão.
Não fui um profissional excessivamente empenhado no acompanhamento dos casos com que travei contato, nestes mais de 40 anos. O desenrolar das atividades em hospital geral, o atendimento no Pronto Socorro e ambulatório, e mesmo no consultório , à luz dos convênios médicos, esmagadora maioria frente à clínica particular, cada vez mais escassa, tudo determinando uma impessoalidade na relação médico-paciente... Claro que já não peguei o padrão 'médico de família', que ia a domicílio e atendia a gerações sucessivas... Isso ficou no passado, as contas de honorários eram pagas dentro de um padrão justo, não alcançando os valores estratosféricos de hoje. Não havia ainda a medicina de Convênios, os profissionais de saúde não eram tão desvalorizados nem uns poucos se julgavam tão valorizados assim...Fui humano, accessível, sempre procurei usar o bom senso dentro da prática médica, procurei apaziguar nas pessoas aquilo que as afligia, relevar suas preocupações e ansiedades, usar acima de tudo o bom senso, nunca indiquei um tratamento clínico ou cirúrgico de má fé, e sempre, ao regressar ao lar, pousei a cabeça no travesseiro e dormi o sono dos justos.
Nunca fui um mercenário, nunca tentei iludir ou enganar a clientela inocente e fácil de ser levada ou convencida, pelos mal intencionados de todas as profissões existentes.
Não sendo um santo, nunca me deixei levar pelas prerrogativas de minha situação de médico, embora eu seja de uma época onde ‘médico’ era encarado como um ser especial, respeitado pela sociedade que o cercava, enquanto hoje ele está triostemente reduzido a um pac-man de CHs. Desde cedo, no início de minha vida em consultório, entendi que o futuro indicava o caminho dos convênios médicos, e que a clínica particular estaria reservada para uns poucos, arriscados muitos deles, sem empregos outros, a passar dissabores em caso de eventuais paralisações de suas atividades, mesmo temporárias.
Fiz uma seleção de convênios que mantenho até hoje, não fui aceito por outros, outros estavam de portas fechadas, mas esta minha seleção permanece satisfatoriamente funcionante.
Eu imaginava que os convênios pagariam bem, desde aquela época, mas o que se viu nestes anos todos foi a lei do ‘Mateus, primeiro os meus’ (deles, convênios). E só agora nossos órgãos de classe começam a arrancar as primeiras vitórias em termos de pagamento condizente de serviços clínicos/cirúrgicos.
Se tivesse de começar de novo, começaria de novo com convênios. E, claro, particulares, mas com consultas um pouco acima da média de ressarcimento dos convênios.
Nestes tempos bicudos, não entendo consultas de 200, 300, ou 450 reais, mesmo com os profissionais ostentando paredes forradas de diplomas daqui e do exterior. E logo nesta terra, onde o salário mínimo (ridículo) é de pouco mais de 300 reais, e os serviços de Saúde federal, estadual e municipal são uma vergonha. Não sou político, desprezo a política e seus filhos, diga-se. Aqueles que têm o rei-na-barriga, os donos da verdade, os que se valem de subterfúgios para ‘faturar mais’, aqueles que são desleixados, incompetentes e insensíveis, que vêem a Medicina pelo seu talão de cheques, e aqueles que fazem enfermagem do tipo banho no leito e higiene anal, estes não chegarão ao final de suas carreiras com a paz de espírito dos mansos de coração, dos honestos, dos bem intencionados, aqueles que sabem ser a Medicina uma das profissões mais lindas que se possa abraçar. Mesmo no Brasil, onde o desestímulo ao aprendizado e ao exercício médico é quase uma tônica geral.
Eu dou graças a Deus por estar chegando ao final de minha carreira médica...
Nunca fui brilhante, nem professor, nem cientista, nem sequer poderia considerar-me um sacerdote da profissão.
Não fui um profissional excessivamente empenhado no acompanhamento dos casos com que travei contato, nestes mais de 40 anos. O desenrolar das atividades em hospital geral, o atendimento no Pronto Socorro e ambulatório, e mesmo no consultório , à luz dos convênios médicos, esmagadora maioria frente à clínica particular, cada vez mais escassa, tudo determinando uma impessoalidade na relação médico-paciente... Claro que já não peguei o padrão 'médico de família', que ia a domicílio e atendia a gerações sucessivas... Isso ficou no passado, as contas de honorários eram pagas dentro de um padrão justo, não alcançando os valores estratosféricos de hoje. Não havia ainda a medicina de Convênios, os profissionais de saúde não eram tão desvalorizados nem uns poucos se julgavam tão valorizados assim...Fui humano, accessível, sempre procurei usar o bom senso dentro da prática médica, procurei apaziguar nas pessoas aquilo que as afligia, relevar suas preocupações e ansiedades, usar acima de tudo o bom senso, nunca indiquei um tratamento clínico ou cirúrgico de má fé, e sempre, ao regressar ao lar, pousei a cabeça no travesseiro e dormi o sono dos justos.
Nunca fui um mercenário, nunca tentei iludir ou enganar a clientela inocente e fácil de ser levada ou convencida, pelos mal intencionados de todas as profissões existentes.
Não sendo um santo, nunca me deixei levar pelas prerrogativas de minha situação de médico, embora eu seja de uma época onde ‘médico’ era encarado como um ser especial, respeitado pela sociedade que o cercava, enquanto hoje ele está triostemente reduzido a um pac-man de CHs. Desde cedo, no início de minha vida em consultório, entendi que o futuro indicava o caminho dos convênios médicos, e que a clínica particular estaria reservada para uns poucos, arriscados muitos deles, sem empregos outros, a passar dissabores em caso de eventuais paralisações de suas atividades, mesmo temporárias.
Fiz uma seleção de convênios que mantenho até hoje, não fui aceito por outros, outros estavam de portas fechadas, mas esta minha seleção permanece satisfatoriamente funcionante.
Eu imaginava que os convênios pagariam bem, desde aquela época, mas o que se viu nestes anos todos foi a lei do ‘Mateus, primeiro os meus’ (deles, convênios). E só agora nossos órgãos de classe começam a arrancar as primeiras vitórias em termos de pagamento condizente de serviços clínicos/cirúrgicos.
Se tivesse de começar de novo, começaria de novo com convênios. E, claro, particulares, mas com consultas um pouco acima da média de ressarcimento dos convênios.
Nestes tempos bicudos, não entendo consultas de 200, 300, ou 450 reais, mesmo com os profissionais ostentando paredes forradas de diplomas daqui e do exterior. E logo nesta terra, onde o salário mínimo (ridículo) é de pouco mais de 300 reais, e os serviços de Saúde federal, estadual e municipal são uma vergonha. Não sou político, desprezo a política e seus filhos, diga-se. Aqueles que têm o rei-na-barriga, os donos da verdade, os que se valem de subterfúgios para ‘faturar mais’, aqueles que são desleixados, incompetentes e insensíveis, que vêem a Medicina pelo seu talão de cheques, e aqueles que fazem enfermagem do tipo banho no leito e higiene anal, estes não chegarão ao final de suas carreiras com a paz de espírito dos mansos de coração, dos honestos, dos bem intencionados, aqueles que sabem ser a Medicina uma das profissões mais lindas que se possa abraçar. Mesmo no Brasil, onde o desestímulo ao aprendizado e ao exercício médico é quase uma tônica geral.
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