Este banco é pequeno, bem sei, para abrigar as lembranças de quantos já não mais ali podem sentar conosco, na brisa do encantamento, na contemplação calada do belo, no comentário de tantas coisas acontecidas em comum, e que hoje sequer perduram.
A evocação enternecida de uma lembrança ou um momento compartilhado, a vista embaçada pela saudade, a lágrima indiscreta e exibicionista, até mesmo quando há apenas um espectador, e este nos olha do fundo de nosso espelho,
(e chora, conosco).
Se houve brigas, desentendimentos e outros frutos de nossas imperfeições, elas nunca se sentaram neste banco, sob esta árvore, nunca experimentaram a paz que sucede ao desfecho do desastre anunciado ou não, no recobrar-se cíclico da cadência da Vida.
Quantas vezes temos falhado em simplesmente contentarmo-nos em jogar ao colo de amigos arrasados por perdas, que são para eles como que um arrancamento a frio de uma sua parte do corpo, palavras cristãs vazias de conforto.
Quantas vezes reagimos com palavras formais, as quais o ser embrutecido pela dor nem sequer responde...
Mas, se pelo menos uma vez, procuramos este banco, e lembramos de uma pessoa querida que nos deixou, este gesto redime nossas falhas, abranda nossa culpa.
Porquê ainda consigo acreditar em Deus, mesmo que aconteçam tantas e tantas desgraças, mesmo que ignorante de Seus desígnios.
Sergio Rebouças
A evocação enternecida de uma lembrança ou um momento compartilhado, a vista embaçada pela saudade, a lágrima indiscreta e exibicionista, até mesmo quando há apenas um espectador, e este nos olha do fundo de nosso espelho,
(e chora, conosco).
Se houve brigas, desentendimentos e outros frutos de nossas imperfeições, elas nunca se sentaram neste banco, sob esta árvore, nunca experimentaram a paz que sucede ao desfecho do desastre anunciado ou não, no recobrar-se cíclico da cadência da Vida.
Quantas vezes temos falhado em simplesmente contentarmo-nos em jogar ao colo de amigos arrasados por perdas, que são para eles como que um arrancamento a frio de uma sua parte do corpo, palavras cristãs vazias de conforto.
Quantas vezes reagimos com palavras formais, as quais o ser embrutecido pela dor nem sequer responde...
Mas, se pelo menos uma vez, procuramos este banco, e lembramos de uma pessoa querida que nos deixou, este gesto redime nossas falhas, abranda nossa culpa.
Porquê ainda consigo acreditar em Deus, mesmo que aconteçam tantas e tantas desgraças, mesmo que ignorante de Seus desígnios.
Sergio Rebouças
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Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos,enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto sao meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles.Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!A gente não faz amigos, reconhece-os.
AMIZADE (VINÍCIUS DE MORAES)
Vinucius é Vinicius Nada se pode comentar.
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