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12 fevereiro 2010

Tudo o que se diga da sombra… (do blog portugues treç'olho João Madureira)


Tudo o que se diga da sombra é tempo perdido. Havia um homem que corria pelos olhares vivos dos guerreiros puros. Eu dormia no teu sonho que era uma nuvem incendiada pela infância. Várias mulheres correndo levam a noite consigo lembrando magnólias sonoras grandiosamente abertas. Oiço-as batendo palmas devagar enquanto contam estrelas. Elas sabem de cor os nomes completos dos sons que vivem violentamente curvados sobre os palácios agitados. Por cima dos seus corpos nus as borboletas escrevem sonhos. Os sons produzidos pelas mulheres parecem mapas vestidos que respiram a loucura da neve que acaricia as cerejas no Japão. Extraordinário é o Sol que preenche as paisagens humanas. Um povo de estátuas vinga-se da Primavera. Tu dizes: é preciso criar palavras. Há coisas enormes por detrás do espanto dos pássaros. É o tumulto das trevas. As árvores sentem o caminho e a dor dos seres angustiados. Os animais dormem num ímpeto de figuras submersas. É o silêncio que cria o silêncio. É a voz do silêncio quem abre buracos no tempo. Braços sonâmbulos enchem de signos os frutos do espírito. Chamas-me com palavras sérias. Algo se incendeia numa fantasia nocturna. O meu espírito fantasia os nomes da terra. Cada boca ama o sangue do mundo que sobrevém e arde. Tu és um espaço violento cheio de vulcões excitados pela fantasia. Chamam-te loucura. Mas tu és um poema vivo carregado de solidão. A minha boca húmida inventa uma espada de desejo. Tu és um espasmo vivo transportando veias e um sexo abrasado pelo tempo que nos consome. Há uma memória que começa com um poema deitado sobre as tuas coxas. A madrugada enche-me o coração de água fria. O teu poema dói-me. Toda a luz do mundo desenha um pensamento esplendoroso. A nossa morte cresce numa vertigem tenebrosa, como um veneno sonâmbulo acariciado pelos dedos velhos do tempo. Deus é um caçador de livros antigos. Agora estás verdadeiramente deitada sobre o abismo. Imagino se será possível pesar os pensamentos nobres e com eles iluminar os homens. Tudo não passa de um jogo. Imagino o meu corpo deitado numa colina. A minha cabeça vibra com o teu esquecimento. O amor puro é sempre passado. Há corpos suaves devastados pelas mãos ávidas dos poetas. E tu finges sonhos estruturais. Deus é um cheiro silvestre. Não um verbo. Amo devagar o mundo. Explico a vida no silêncio da matéria. Sou uma criança velha devorada pela luz e
pelo silêncio. Um grito de dor esgota a minha voz.
publicado por João Madureira às 10:00

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