
POR MENALTON BRAFF EM 10/04/2012 ÀS 08:09 PM
Jeito de capital
publicado em colunistas
Meus poucos e eventuais leitores, muitas vezes contingentes, não devem saber que não moro no Rio de Janeiro. Assim é a vida: somos escolhidos com muito maior frequência do que escolhemos. Moro numa pequena cidade do interior de São Paulo, depois de ter respirado o ar de muitas cidades de diversos estados do Brasil.
Esclarecido esse ponto da maior importância para o desenvolvimento do assunto em pauta, passemos ao que interessa.
O Rio de Janeiro perdeu a condição de capital política do Brasil, com a inauguração de Brasília. As futricas ininterruptas a que temos assistido foram cheirar mal no planalto, lá onde a brisa morna não é gentil, e a terra, em se plantando, não dá de tudo. O Rio de Janeiro continua lindo, alô, alô, seu Chacrinha!
Usufruindo de meu direito a ir e vir, como reza com grande humor nossa Constituição, também algumas vezes na vida fui me sentir capitalista, mas na antiga capital.
E lá, fazendo minha caminhada diária pela pista do aterro do Flamengo, a impressão que tive foi a de que o Rio pode ter perdido para Brasília o poder político, mas a Cidade Maravilhosa continua sendo a capital da nação. O charme de síntese da nacionalidade, isso ninguém lhe tira. As muitas etnias que nos formam lá estavam. Peles e cabelos de todos os tipos. Feições indiáticas, representando o Brasil Central; olhos azuis vindos do Sul; o moreno da Europa Meridional, afro-descentes (bantos e sudaneses) e até o tipo oriental a gente vai encontrando pela calçada onde todos querem desfilar.
Além disso, o Rio é um verdadeiro monumento histórico ao vivo e a cores. Aqui o General Deodoro ergueu sua espada para proclamar alguma coisa, naquela praça ali o povo se juntou para exigir não sei o quê; mais adiante o Machado de Assis costumava encontrar-se com o Quincas Borba, e logo ali os cavalos do Getúlio etcétera e tal. Carlos Drummond de Andrade, mineiro de Itabira, veio sentar-se num banco de praia, muito cariocamente para distribuir óculos a quem não tem (vergonha).
O Rio de Janeiro é uma cidade onde se respira Brasil mais do que em qualquer outra. A cada passo que se dá, um pedaço de nossa história. A Biblioteca Nacional foi fundada por Dom João VI, tendo sido o início de seu acervo o que ele conseguiu trazer de Lisboa enquanto fugia de Napoleão. O Teatro Municipal (os muitos teatros), museus, a Academia Brasileira de Letras, a rua do Ouvidor, e o século dezoito entra pelo dezenove, que passa pelo vinte e não vai parar no vinte e um.
O Papa mora no Vaticano, mas Jesus, de quem ele se diz embaixador, mora encarapitado no alto de um morro do Rio de Janeiro.
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