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23 janeiro 2015

ANTERO GRECO // ESTADÃO

Antero Greco     
Tem cara chato de toda espécie. Só dar uma espiada em volta que brota o tipo. Clássico é o mala sem alça, azarento, sabe-tudo, que antevê tragédias, tem satisfação com coisas erradas, sente prazer nas desgraças. "Não falei?! Estava na cara que isso ia acontecer", são os comentários mais comuns que faz diante de qualquer incidente.


Pois muito bem. Longe de mim a vocação para encarnar o agourento de plantão, galocha e guarda-chuva, sempre pronto a botar o dedo na cara dos outros. Mas muito antes da Copa levantava a lebre a respeito de problemas que poderiam surgir em estádios com obras atrasadas e, depois, concluídas a toque de caixa. O exemplo do Engenhão, símbolo do improviso do Pan-07, era traumatizante.

Daí, ontem explode a bomba de que a Arena Pantanal foi interditada para reparos provocados por problemas na rede elétrica, infiltrações várias e alagamentos sempre que chove um pouco além da conta. Curtos-circuitos bloqueiam elevadores e ar-condicionado, por exemplo. Há riscos de raios atingirem gramado e arredores. O estádio mato-grossense ficará fechado só por alguns dias, de acordo com a previsão inicial, e se imagina que no começo de fevereiro esteja com os reajustes feitos.

Talvez a interrupção não passe de prosaicas duas semanas. Tudo é possível por aqui, até o cumprimento de promessas no tempo justo. Tomara o campo esteja apto logo, sem entraves adicionais nem adiamentos. De qualquer forma, trata-se de decisão embaraçosa, vergonhosa, constrangedora.

A Arena Pantanal recebeu quatro partidas do Mundial, custou mais de R$ 600 milhões ao governo local, tem pouco mais de seis meses de uso e já apresenta desgastes de obra antiga? Que papo é esse de que o fechamento ocorreu porque técnicos constataram riscos à segurança do público? Como pode? Só com muita ingenuidade - ou má-fé - para considerar rotineira a reforma. Não podem ser considerados pontuais problemas do gênero numa construção que sugou tanta grana e novinha em folha.

A subutilização de diversos estádios erguidos para a Copa dos 7 a 1 pra Alemanha era bola cantada. Sem preconceito, nem má vontade, sempre se questionou o futuro dos complexos esportivos de Cuiabá, Brasília, Manaus e, em menor escala, o de Natal. Basta um sopro de bom senso para constatar que precisam de eventos intensos e lucrativos para se bancarem. Esses edifícios têm manutenção caríssima. Não sobreviverão com um show aqui, um joguinho acolá, um torneio ali adiante.

Mesmo assim, nem o mais pessimista - fora o chato profissional - poderia supor que, com meio ano de vida, um estádio da Copa das Copas já estaria interditado. Por dias que sejam, é vexatório. Bom, conseguimos uma proeza e tanto. Quando virão outras?

Em tempo: o governo do Mato Grosso diz que não haverá ônus público porque a empresa responsável pela construção assumirá os gastos. Bacana.

Legado da Copa 2. E não é que Jérôme Valcke reapareceu por aqui?! Quem disse que nunca mais pisaria no Brasil, após tantas dores de cabeça? O secretário-geral da Fifa não só nos deu a honra de uma visita como anunciou, em duas solenidades, a distribuição de verbas para estimular o desenvolvimento do futebol no País, tanto na base (caso dos garotos) quanto no feminino em geral.

A verba, garante Valcke, será muito controlada pela entidade que representa. Amém. Mas o que me interessa ressaltar se refere ao futebol das moças. Pela enésima vez, em décadas de carreira, vejo, ouço e leio que agora haverá plano espetacular, duradouro e criterioso para empurrar o crescimento da modalidade. A CBF anuncia umas quirelas para jogos da Copa do Brasil e a criação de seleção permanente, com 27 jogadoras, para Mundial e Olimpíada.

Aí a porca torce o rabo. Por que seleção permanente se não há times e torneios regulares? Equipes surgem e somem de uma hora para outra e ninguém liga. Agora se está de olho em medalha olímpica. Acabados os Jogos... Se virem, moças!

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