Pois muito bem. Longe de mim a vocação para encarnar o agourento de plantão, galocha e guarda-chuva, sempre pronto a botar o dedo na cara dos outros. Mas muito antes da Copa levantava a lebre a respeito de problemas que poderiam surgir em estádios com obras atrasadas e, depois, concluídas a toque de caixa. O exemplo do Engenhão, símbolo do improviso do Pan-07, era traumatizante.
Daí, ontem explode a bomba de que a Arena Pantanal foi interditada para reparos provocados por problemas na rede elétrica, infiltrações várias e alagamentos sempre que chove um pouco além da conta. Curtos-circuitos bloqueiam elevadores e ar-condicionado, por exemplo. Há riscos de raios atingirem gramado e arredores. O estádio mato-grossense ficará fechado só por alguns dias, de acordo com a previsão inicial, e se imagina que no começo de fevereiro esteja com os reajustes feitos.
Talvez a interrupção não passe de prosaicas duas semanas. Tudo é possível por aqui, até o cumprimento de promessas no tempo justo. Tomara o campo esteja apto logo, sem entraves adicionais nem adiamentos. De qualquer forma, trata-se de decisão embaraçosa, vergonhosa, constrangedora.
A Arena Pantanal recebeu quatro partidas do Mundial, custou mais de R$ 600 milhões ao governo local, tem pouco mais de seis meses de uso e já apresenta desgastes de obra antiga? Que papo é esse de que o fechamento ocorreu porque técnicos constataram riscos à segurança do público? Como pode? Só com muita ingenuidade - ou má-fé - para considerar rotineira a reforma. Não podem ser considerados pontuais problemas do gênero numa construção que sugou tanta grana e novinha em folha.
A subutilização de diversos estádios erguidos para a Copa dos 7 a 1 pra Alemanha era bola cantada. Sem preconceito, nem má vontade, sempre se questionou o futuro dos complexos esportivos de Cuiabá, Brasília, Manaus e, em menor escala, o de Natal. Basta um sopro de bom senso para constatar que precisam de eventos intensos e lucrativos para se bancarem. Esses edifícios têm manutenção caríssima. Não sobreviverão com um show aqui, um joguinho acolá, um torneio ali adiante.
Mesmo assim, nem o mais pessimista - fora o chato profissional - poderia supor que, com meio ano de vida, um estádio da Copa das Copas já estaria interditado. Por dias que sejam, é vexatório. Bom, conseguimos uma proeza e tanto. Quando virão outras?
Em tempo: o governo do Mato Grosso diz que não haverá ônus público porque a empresa responsável pela construção assumirá os gastos. Bacana.
Legado da Copa 2. E não é que Jérôme Valcke reapareceu por aqui?! Quem disse que nunca mais pisaria no Brasil, após tantas dores de cabeça? O secretário-geral da Fifa não só nos deu a honra de uma visita como anunciou, em duas solenidades, a distribuição de verbas para estimular o desenvolvimento do futebol no País, tanto na base (caso dos garotos) quanto no feminino em geral.
A verba, garante Valcke, será muito controlada pela entidade que representa. Amém. Mas o que me interessa ressaltar se refere ao futebol das moças. Pela enésima vez, em décadas de carreira, vejo, ouço e leio que agora haverá plano espetacular, duradouro e criterioso para empurrar o crescimento da modalidade. A CBF anuncia umas quirelas para jogos da Copa do Brasil e a criação de seleção permanente, com 27 jogadoras, para Mundial e Olimpíada.
Aí a porca torce o rabo. Por que seleção permanente se não há times e torneios regulares? Equipes surgem e somem de uma hora para outra e ninguém liga. Agora se está de olho em medalha olímpica. Acabados os Jogos... Se virem, moças!
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