CARTAS LEITORES ESTADÃO 16/01

DE FATO, NUM MUNDO CONTURBADO 

COMO O QUE ESTAMOS VIVENDO, ONDE 

OS CARAS COLOCAM BOMBAS AO REDOR 

DO CORPO, E SE EXPLODEM, TENTANDO 

LEVAR O MÁXIMO DE INOCENTES CONSIGO; 

QUANDO APRESENTAM CENAS DE UM MENINO 

DE 8 ANOS APONTANDO UMA PISTOLA PARA UMA CABEÇA DE REFÉM; QUANDO INVADEM A 

REDAÇÃO DE UM JORNAL SATÍRICO E 

FAZEM AQUELA CHACINA, OU DECAPITAM 

REFENS SEM UM JULGAMENTO JUSTO; ENTÃO NÃO ESTAMOS LIDANDO COM GENTE NORMAL. FANÁTICOS EM QUALQUER RELIGIÃO SÃO UM PERIGO PARA TODA A HUMANIDADE.

MAS SEMPRE RESSALTANDO QUE OS MUÇULMANOS SÃO UMA GENTE DE FÉ E PRINCÍPIOS BONS, NÃO DEVEM SER CULPADOS POR COISAS DE TARADOS ANORMAIS.

Je ne pas Charlie. 

È muito conhecido aqui um ditado popular que diz: não se cutuca onça com vara curta.

Se sabemos que os fanáticos são pessoas insanas, não tendo limites em suas reações, que se sentem ofendidos gravemente quando suas convicções são criticadas, principalmente as religiosas, creio que ao insultá-los corremos o risco de sermos retaliados de forma violenta.

Evidente que não é aceitável este tipo de reação, mas também não é civilizada a crítica agressiva e sarcástica, menosprezando os seguidores daquela religião. 

Não acredito que estes humoristas se exporiam a fazer suas gozações ao vivo, frente a frente com os seguidores da religião, seita ou credo que tem seguidores fanáticos. Saberiam que sua integridade estaria em perigo.

Esquivar-se atras de uma publicação, para não expor-se a riscos agressivos, mas ciente de que outros inocentes poderão ser atingidos pela selvageria dos fanáticos, caracteriza uma covardia e não uma liberdade de expressão

É possível fazer-se uma crítica sem ofender-se a fé de qualquer seguidor das diversas religiões.

Todos os líderes religiosos, inclusive os muçulmanos, foram  unânimes em não concordar com as reações violentas dos fanáticos. Mas também criticaram o sarcasmo desnecessário dos responsáveis pelas publicações zombeteiras.

Um princípio da civilidade é o respeito pelo seu semelhante, aceitando a liberdade de credo, de opinião, de escolha e de como viver, desde que respeite as leis do país e regras de convivência. A liberdade de expressão não se superpõe a estes princípios.   

E.J.CASTRO