NO SHOW DE MARIA BETHÂNIA, O TRIUNFO DA MPB CLÁSSICA no qual surgem imagens variadas — rosas vermelhas, nuvens, mares revoltos, galáxias — que ilustram, com sutileza e elegância, as canções. Mas seu efeito só pôde ser plenamente sentido por quem estava nos andares superiores da casa. Para aqueles nos pisos inferiores, a luz é de uma artista que brilha intensamente nas quase duas horas de espetáculo.
NO TEATRO VIVO RIO
“Abraçar e agradecer” tem 36 canções, intercaladas com arrepiantes leituras
de textos de Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Waly Salomão, Carmen Oliveira e
da própria cantora. É um show quase formal, de poucos improvisos. A sacação é a
forma como as músicas foram arranjadas para o espetáculo, com produção de Guto
Graça Mello, em versões concisas, sem in-
tervalos, quase como uma mixtape da carreira da
cantora, com espaço para inéditas como “Voz de mágoa”, de Dori Caymmi e Paulo
César Pinheiro. Mas o grande trunfo é a presença de Bethânia, que hipnotiza a
plateia desde sua entrada, cantando “O eterno em mim”, de Caetano Veloso,
seguida por “Dona do dom”, de Chico Cesar, e por uma vibrante interpretação de
“Gita”, de Raul Seixas e Paulo Coelho. Há espaço ainda para o bumba meu boi
“Bela mocidade”, do maranhense Donato Alves, para versões de “Começaria tudo
outra vez”, de Gonzaguinha, e para o vigoroso arranjo de “Rosa dos ventos”, de
Chico Buarque, feita pela impecável banda de sete integrantes, liderada pelo
baixista Jorge Helder.
No segundo ato, a abertura é novamente com o irmão (“Tudo de
novo”), seguida pelo hino espiritual “Oração à Mãe Menininha”. Depois, vêm as
ondas percussivas (como a faixa que dá nome ao show, de Gerônimo e Vevé
Calazans, amplificada pela perfeita sintonia entre a bateria de Pantico Rocha e
a percussão do craque Marcelo Costa). Seguem-se momentos de pausa, com Bethânia
sentada, a partir de “Eu, a viola e Deus”, de Rolando Boldrin, seguida por
“Xavante” e “Povos do Brasil”. A reta final é embalada pela beleza de outra
inédita, “Eu te desejo amor” (de Charles Trenet, em versão de Nelson Motta),
seguida de “Non je ne regrette rien”, até o encerramento com “Silêncio”, da
paraibana Flavia Wenceslau. Um espetáculo marcante, de triunfo da MPB clássica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
MESMO QUE NÃO TENHA TEMPO COMENTE. SUA VISITA É
MUITO IMPORTANTE E SEUS COMENTÁRIOS TAMBÉM...
ANÔNIMOS ACEITOS, DESDE QUE NÃO OFENSIVOS. UMA COISA IMPORTANTE: AS CAPTCHAS NÃO TÊM DIFICULDADE PARA AS PESSOAS. AS LETRAS OU SÃO MAIÚSCULAS OU MINÚSCULAS, NÚMEROS SEMPRE IGUAIS. CASO NÃO ENTENDA HÁ UMA RODINHA PARA V. MUDAR ATÉ ACHAR MELHOR.OBRIGADO.