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02 fevereiro 2015

AS CONFUSÕES DE MARTA NO PT E PLANALTO /// ÉPOCA

A guerra dos tronos no PT

As facções internas do PT lutam pela hegemonia no partido. Em entrevista, a senadora Marta Suplicy expôs as feridas abertas

ALBERTO BOMBIG
31/01/2015 10h00
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Na série de TV Game of Thrones, os verões duram décadas e os invernos uma vida inteira. Em busca do trono de ferro de Westeros, o país fictício da série produzida nos Estados Unidos e exibida no Brasil pelo canal HBO, clãs envolvem-se numa luta encarniçada. No PT, os invernos não duram uma vida inteira, mas o verão de 2015 pode começar a determinar a hegemonia no partido na próxima década. Por isso, as várias facções petistas, tal qual os clãs de Westeros, já estão engajadas numa infinidade de conspirações ardilosas. No horizonte das disputas, estão os tronos oferecidos pelas eleições de 2016 e de 2018.

O episódio mais quente da série petista até agora teve como protagonista a senadora Marta Suplicy (SP), ex-ministra de Dilma e ex-prefeita de São Paulo. Estrela cadente do PT, ela ousou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, quebrar dois dogmas do partido. Intrigou publicamente a presidente Dilma Rousseff com seu padrinho Luiz Inácio Lula da Silva e, declarando-se indignada com a sucessão de escândalos em que petistas se envolveram, cobrou novas práticas do partido. “Ou o PT muda ou acaba”, disse Marta.

Marta decidiu pregar a transformação do PT porque quer novamente ser candidata a prefeita de São Paulo. Sem espaço no partido para se opor à candidatura à reeleição do prefeito Fernando Haddad, ela articula sua saída para outra sigla. A senadora negocia seu passe com partidos que pretendem formar uma frente nas eleições municipais de 2016: Solidariedade, PSB e PPS. Em São Paulo, esses três partidos estão na base de apoio ao governador Geraldo Alckmin, que deu aval à negociação. Os articuladores da frente acreditam que  Marta poderá travar contra Haddad uma batalha pelos votos das populosas zonas Sul e Leste da capital, que foram determinantes para a vitória do PT nas eleições municipais de 2012. Marta acha que o petismo demorará muitos anos para se recuperar em São Paulo – Estado onde tanto Dilma como Alexandre Padilha, o candidato do partido ao governo em 2014, sofreram derrotas acachapantes para os tucanos. Marta quer firmar-se como a anti-Dilma de São Paulo e aposta no fracasso da presidente em seu segundo mandato.
>> Aliados de Marta Suplicy querem que ela crie novo partido

O objetivo inicial de Marta era se transferir para o PMDB. No Senado, onde tem mandato até 2018, Marta se aproximou bastante de alguns líderes peemedebistas, como os senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP). Mas Haddad praticamente fechou a porta do PMDB para Marta na semana passada ao nomear o peemedebista Gabriel Chalita para a Secretaria da Educação da capital paulista. A escolha de Chalita teve o aval de Lula e do vice-presidente, Michel Temer, e acabou servindo como um contra-ataque de Haddad à ofensiva de Marta. O mais provável a partir de agora é que Haddad e o PMDB de Chalita estejam juntos na eleição de 2016 em São Paulo.

Em sua movimentação rumo à disputa da prefeitura de São Paulo, Marta acabou expondo outros conflitos entre os petistas. Na entrevista ao Estado de S. Paulo, ela escancarou a guerra fratricida que já opõe, por causa de 2018, a ala dos palacianos (os petistas fiéis a Dilma e abrigados no Palácio do Planalto) à dos empedernidos seguidores  do ex-presidente Lula, os lulistas. Lula autorizou sua tropa a espalhar que ele voltará a ser candidato daqui a quatro anos. Na entrevista, Marta disse o que muitos petistas murmuravam nas coxias. Aloizio Mercadante, o chefe da Casa Civil de Dilma, age como adversário de Lula e é pré-candidato à sucessão presidencial. “O Mercadante é inimigo (do Lula), o Rui (Falcão, presidente do PT) traiu o partido e o projeto do PT”, disse Marta. “Ele (Mercadante) vai ter contra si sua arrogância, seu autoritarismo, sua capacidade de promover trapalhadas.”
 

ROMPIMENTO Dilma e Marta, em  julho de 2013, no Palácio do Planalto. As duas  se tornaram inimigas após  críticas da  ex-ministra à presidente  (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

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