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27 março 2015

ANTERO GRECO /// ESTADÃO





Não é só Neymar

  • Antero Greco
Ganhar no futebol sempre é bom, realçaria o conselheiro Acácio, personagem de Eça de Queiróz notável em obviedades. Quer dizer, provavelmente faria tal observação, se na época o joguinho de bola já fosse o esporte preferido no mundo. Portanto, nada a objetar quando a seleção sapeca 3 a 1 de virada sobre a França em Saint-Denis, naquele estádio de calafrios nacionais desde 1998. Resultados assim, mesmo em amistosos, fazem técnico e jogadores estufarem o peito, cheios de si. É de direito.

Mas Dunga fará bem se aproveitar a exibição de ontem, nos arredores de Paris, para embrenhar-se de vez no caminho que pode levá-lo a superar desafio que emperrou os antecessores Mano e Felipão : a dependência de Neymar. Longe de mim diminuir a importância dos craques; merecem carinho, respeito e bola. O moço é o único acima da média a vestir a amarelinha. Deve ter espaço para brilhar e desequilibrar.

Só não pode ser a solitária salvação da lavoura, como ficou evidente sobretudo no Mundial. O roteiro então se mostrou desastroso e, com frequência, se repete agora. Foi assim, por exemplo, no primeiro tempo do tira-teima com os franceses. Com a seleção amarrada, sem saída por causa da boa marcação dos donos da casa, a alternativa foi a usual, ou seja, toca para o Neymar e seja o que Deus quiser. Pobre.

Não resolveu, por mais habilidade que tenha o parceiro de Messi no Barcelona. Era um tal de pegar na bola, arrancar para cima dos zagueiros até perdê-la ou chutá-la sem direção. A reviravolta ocorreu pouco antes do intervalo, na primeira jogada corajosa e tramada pela seleção, que contou com participação de Firmino e conclusão de Oscar.

O empate soltou as amarras da equipe. No segundo tempo, o Brasil esteve bem melhor, encarou a França com confiança, trocou mais passes, teve agilidade nos contragolpes e venceu sem sustos, com gols de Neymar e Luiz Gustavo, e colaboração de William.

O Brasil continua a agir como time comum, comportadinho, e não se deve esperar nada de extraordinário para os próximos anos. Mas tem condições de fortalecer-se e obter resultados expressivos se Dunga azeitar uma fórmula em que todos se sintam livres para rodar, criar e chutar a gol. Daí Neymar sobressairá com naturalidade sem forçar e sem que tenhamos de rezar pra ele não se machucar nem levar cartões.

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