Uma despedida
Quero ver-te despida desta tua estudada sensualidade
Deste erotismo cheio de animalidade ultrapassada
Do teu espírito de virgem incompreendida e vulgar
Do teu olhar de prostituta disfarçada a caçar.
Quero-te – mas ao mesmo tempo não te quero...
Pois o tempo que perdi nos teus braços não volta
E eu sei que a graça com que eu te olhava
E cansada como eu próprio devo estar.
O tempo foi inclemente para nós dois – vejo agora
E temo conferir n’algum espelho a verdade
Que ouso inferir desta tua visão: a atrocidade
Beleza que se foi, sentidos adormecidos....
Não há mais eu com você nem você comigo
Há um ranço de puro despeito a se exalar
Uma incomunicabilidade a clamar...
Um desencontro de mãos, uma repulsa de abraços
Uma lágrima mal contida a se perder indisfarçada.
Chega! Não vamos mais prolongar esta dor sofrida
De um adeus que a garganta tenta em vão pronunciar.
O silêncio, a paz, o alívio, o esquecimento...
Nada mais!
S Rebouças março/2015
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