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04 setembro 2006

Contando um sonho sonhado várias vezes (SRebouças)

Eu morava numa rua, Constante Ramos, que desembocava na principal, a Avenida N.ª S.ª de Copacabana - adivinha o bairro? - e na esquina delas havia um sobrado grande e cinza, de dois andares; na parte de baixo um grande armazem, o armazem Americano, onde minha avó comprava e as despesas iam para o seu caderno no armazem - bons tempos!... e havia também um botequim, que depois foi transformado em lanchonete. Na parte de cima três apartamentos, sendo o do meu avô o maior, de esquina e tinha à toda a volta uma grande varanda estreita . Subia-se uma escada, chegava-se a uma porta em frente que dava para uma área descoberta para onde confluiam quase todos os aposentos da casa, e a uma sala aberta à direita, que era a sala de espera de meu avô, o dentista, ornado em tres paredes de grandes quadros pintados por minha avó, que como em tudo na vida era pintora auto-didata. E a quem indubitavelmente eu saí.
O meu sonho ocorreu várias vezes, e começou depois que nem mais aquele conjunto habitacional/comercial existisse, dando lugar a um prédio de apartamentos. E se deu depois que meus avós, inclusive, hovessem falecido. Aliás, vários familiares nossos já haviam 'saído' de cena...
Mas vamos ao sonho. Eu passeava na rua, chegava até a esquina (sempre à noite) e sabia que meu avô estava viúvo e sózinho; mas nós brigáramos, ignoro a razão, e deixaramos de nos falar e até de eu ir à sua casa. Eu via as luzes do seu quarto acesas, as janelas de taboinhas sempre fechadas, e sentia uma imensa mágoa, ele velhinho, sózinho, naquele sobrado...eu ficava muito triste, mas não tomava nunca a iniciativa de ir ao seu encontro...
Um dia, tomei coragem, fui até a porta da rua, que estava só encostada, como era usual naquela época, subi a escada, e ao chegar lá em cima fui envolvido por uma luz branca, fortissima, ofuscante. Havia uma mesa enorme, redonda, (inexistente, na verdade) e, em torno, eu SABIA que estava ali mas não VIA, toda aquela parentada, já falecida,junto a muita gente que ainda era viva, reunida como se fosse numa festa. Eu sabia que estavam todos ali, aquilo me dava um grande conforto no coração, mas o ápice foi quando meu avô se aproximou e me deu um abraço muito apertado.Não trocamos nenhuma palavra, nem era preciso.
Esta parte de subir as escadas e ir ao encontro dele só se deu na última vez em que tive este sonho; de resto, o sonho sempre terminava na minha mágoa imensa por não tomar uma atitude em relação a meu avô, a quem de resto sempre amei muito e com quem nunca tive a menor discussão...
Devia estar faltando algo, dentro da minha mente, em relação a ele, não sei, mas o fato é que quando aquele reencontro se deu os sonhos cessaram para nunca mais voltar....E meu coração encontrou uma paz enorme, que persiste ainda quando me recordo deste sonho. Acredite se quiser...

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PÍLULAS&FARPAS
"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade em que elas acontecem.
Porisso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
(Fernando Pessoa)
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3 comentários:

  1. Era apenas o abraço...
    Foi a mensagem de que está tudo bem..
    Não se preocupe Sergio... o que faltava está feito :)
    (isto dava paginas de conversa :)

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  2. É fato, ao luar, nunca mais o querido sonho se repetiu...vamos
    a ver o que nos virá por aí...

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  3. muitas vezes somos nos que prendemos alguem "cá" por um pensamento, um sentimento de que faltava algo, que ficou alguma coisa por fazer ou dizer...
    Um sorrioso para si :)

    Até... :)

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