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17 abril 2007

Julgas.... (Edward Bond)

Julgas que te vou carregar o fardo sempre?
Julgas que suarei e labutarei sempre?
Julgas que te darei as minhas pernas e o meu sangue?
Como os pássaros do ar! Como as bestas da terra!
Julgas que irei sempre quando chamares?
Julgas que saltarei sempre quando gritares?
Julgas que vergarei sempre o pescoço?
Como uma besta no estábulo!
Com um anel no focinho!
Julgas que combaterei nas tuas guerras sempre?
Julgas que te darei o meu ar sempre?
Julgas que marcharei para ser morto sempre?
Como os palhaços na tua corte!
Como os exércitos da morte!
Crescerá erva nos campos de batalha
A ferrugem corroerá os mísseis e radares
No sítio das torres de vigia crescerão árvores
As prisões e quartéis desaparecerão pelo fogo
Não preciso da tua piedade ou de temer os teus punhos fechados
A minha ira erguer-se-á como o sol nascente
Num mundo vazio, onde ninguém velará
E só o vento uivará junto da tua pira funerária

Tradução: Pedro, do Bitaites

Um comentário:

  1. Como diz o próprio Edward Bond:" Você é um morto,estou morto,vivemos em uma sociedade dos mortos,e não numa sociedade pós-moderna,mas sim, numa sociedade póstuma".

    Gostei da tradução do poema"Julgas"

    abraços

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