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31 julho 2007

Alvorada e Crepúsculo SRebouças 1984

Nada mais resta, senão o mudo contemplar
da passagem das alvoradas sucessivas.
Aqui e alhures, sofrida e invejada vai
a visão de uma imagem tripartida
em saudade, querença e agonia.
Em transe vai-nos a alma a transbordar dos olhos,
ignorada sempre, a tatear infinitos empós visagens,
aquelas perdidas imagens,
aqueles inaudíveis risos,
as esquecidas canções de ninar.
As rosas de ontem empalideceram, eis derrubado
o altar, imolou-se o corpo na pira do desencanto,
nada mais resta, senão contemplar a passagem
das alvoradas sucessivas...
Aqui entre pedras em íntimo contato com os espinhos
que restaram,
de ingênuas e esperançosas rosas,
poreja inutilmente este sangue quase desprezado,
a misturar-se às fezes, ao suor, à urina
para fabricar o transcendental adubo humano
a transbordar e a transformar novas rosas
renovadas em rubras alvoradas....
eis a imagem tripartida em saudade, querença e agonia,
única obsessão de quem se esqueceu dos sonhos da mocidade,
e recolhe, comovido, as últimas quimeras,
alisa já as primeiras rugas,
contempla os primeiros cabelos brancos,
e debruçado na janela conforma-se em apreciar
a passagem das alvoradas sucessivas.

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