Contemplo-me mais uma vez neste espelho
e não reconheço as feições de quem me espreita,
a boca vazia e amarga,
o nariz inchado e vermelho do tanto pranto...
estes olhos, repassados de dor....
Não! não sou eu!...entanto, o espelho não mente.
Não é justo que uma criatura no seu juizo perfeito
se deixe assim arrastar a um abismo, por uma história
que só aconteceu do lado de cá deste espelho....
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Porquê contemplar-me neste espelho,
onde outrora ao meu o teu sorriso se juntava,
e estas mãos tinham nossos dedos entrelaçados
em juras de amor não proclamadas...
Os nossos narizes cheiravam colados o mesmo ar
no prelúdio de cada beijo trocado.
Nossos corpos cabiam neste espelho
onde hoje resta só este corpo nú:
este espelho, que me recusa tua imagem,
e me devolve o silêncio da minha própria mágoa...
Espelho, espelho, quanto afinal me mentiste?
Naquela imagem dupla que me oferecias,
qual era a verdadeira imagem,
qual era na verdade uma ilusão?
És frio, és pelho, espelho,
estupor, espanto, esperança esvaída...
Espelho, espelho, quanto afinal me mentiste:
ou estarás finalmente refletindo a mentira?...
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