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27 janeiro 2011

REVISITANDO ANTIGOS (?) ASSUNTOS - uma carta ao Globo


No Globo de ontem, (2005) na primeira página, em destaque a foto de um camburão com a porta aberta, um assaltante de bancos preso e uma advogada da Comissão de Direitos Humanos/ OAB, acompanhando com todo o cuidado o coitadinho. Olhei através da janela, meditando acerca desta disponibilidade solidária talvez elogiável, e tentando lembrar se, nas horas em que a televisão focalizou o infeliz episódio do 174 no Jardim Botânico, se alguém de alguma facção de Direitos Humanos havia aparecido no local e tentado entrar no ônibus para agir de alguma forma; não me lembrei de nada. Enquanto olhava pela janela, contemplei ao longo da minha rua as grades, muitas grades, nas calçadas, nas portas, nas janelas, pintadas em grafite, em verde, em azul e preto.Vivemos em uma grande penitenciária urbana. Nas ruas, as pessoas se sentem ameaçadas, seja pelas esburacadas calçadas, seja pelos trombadinhas, seja pelo trânsito irresponsável e desordenado.

Se nos ônibus a insegurança já é grande, nos carros e taxis é pior. Quase não existem cruzamentos em que não fiquemos à mercê de uma gama variada de abordagens, quando o sinal fecha. Os vendedores de refrigerantes, de frutas, de biscoitos, de lápis, de doces, de flanelas e artigos para carros, listas pedindo ajuda para comprar algo, pedidos de ajuda para o ceguinho ou o deformado, ou o paraplégico de cadeiras de rodas, mendigos e doentes reais ou falsos, um exército a se acercar dos carros, composto por adultos e crianças. Nós somos cidadãos que devíamos ter o direito de ir e vir em paz, não pagamos impostos de toda ordem para que sonhadores achem que somos os culpados por uma sociedade injusta; pagamos tais impostos para que aqueles em quem votamos organizem uma equipe de profissionais realmente dispostos a sanar problemas e encaminhar soluções em saúde, em segurança pública, em ensino, em manutenção de ruas e estradas, em obras de interesse coletivo, em tudo enfim que se refere a governo.

Quando uma agência de publicidade (edição do Globo de hoje) produz um anúncio para vender carros blindados de uma concessionária de carros de faixa de preço bem acima das possibilidades econômicas da grande maioria da população que pode ter um carro, que diz: “Compra, tio”.(Essa é a ultima vez que você vai ouvir isso)”, mastigando embora os seus brioches, sem querer atingiu, não tanto os ricos compradores em potencial daqueles veículos de primeiro mundo, mas a imensa maioria daqueles que têm de andar pelas ruas com os vidros de seus veículos levantados, temendo cada sinal fechado e esperando ser assaltados ou agredidos numa recusa a qualquer oferta ou pedido não desejados.

Respeitar-nos em nossos direitos não é uma forma de Direitos Humanos?

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