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09 abril 2011

Uma saudade grande do JB: agora jornal digital

Origem – Sede do Jornal do Brasil entre 1908 e 1973, no Centro

Reinaldo Paes Barreto: JB: há 120 anos um jornal relevante

Sem deixar de inovar, o JB sempre conseguiu aliar o culto ao popular e ser transparente

Jornal do Brasil
Reinaldo Paes Barreto

Em primeiro lugar, o Jornal do Brasil sempre foi relevante porque, desde a sua fundação, se propôs a encurtar a distância entre a notícia e o leitor, sem a alta voltagem das manchetes espetaculares. Segundo, porque, mesmo “falando para o Brasil” até no nome, nasceu no Rio, com a cara do Rio. Tanto que acompanhou o movimento de redefinição da cidade traçado por Pereira Passos e construiu a sua nova sede, em 1910, no plano mais visível da recém inaugurada Avenida Central – a artéria de maior densidade cultural do país, naquele período.

O JB foi o primeiro jornal a criar “conteúdos” nunca dantes editados, tanto que sempre foi percebido como culto e popular, ao mesmo tempo.

Alguns desses conteúdos precursores foram uma seção feminina, uma coluna de música, uma seção sobre teatro e cinema, a primeira coluna carnavalesca com as letras das marchinhas, a primeira seção para histórias em quadrinhos com impressão a cores, a primeira coluna sobre turfe (tão importante que o Jockey Club do Rio criou o GP Jornal do Brasil) e o Primeiro Salão Nacional de Humoristas, em 1916, no Liceu de Artes e Ofícios do Rio.
Depois, veio a fase dos anos 50/60, a mais brilhante. São contratados grandes repórteres; abrem-se colunas para intelectuais escreverem de forma permanente; monta-se uma rede de correspondentes internacionais; os editores-chefes gozam de autonomia e prestígio junto à direção; cria-se um departamento de pesquisa, outro de edição fotográfica e, enfim, inicia-se a mais abrangente reforma gráfica até então praticada por um jornal brasileiro.

Vem o movimento militar de 64 e o JB reage com coragem e inteligência, driblando a censura com matérias que se tornaram cases da resistência jornalística. Em 1968, no dia seguinte à publicação do AI-5, o JB liberou uma “nota meteorológica” que se tornou clássica: “Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O país está sendo varrido por fortes ventos. Máxima de 38º em Brasília, mínima de 5º, nas Laranjeiras”.

Em 1995, o JB foi o primeiro jornal a replicar sua edição impressa na internet. Em 2001, passa para o comando do empresário Nelson Tanure, que redesenha o perfil da empresa jornalística em face da nova realidade da mídia no Brasil. Sem perder de vista o objetivo: o JB tem que continuar um jornal relevante.
Em 2005 o seu acervo é revitalizado e se transfere para local próprio, onde as consultas a edições antigas podem ser feitas em sua sede, no Rio Comprido, e, também, na Biblioteca Nacional. Ou em casa, através de uma parceria com o Google que já digitalizou 70% das páginas do “arquivo centenário”, acessível igualmente pela plataforma virtual New Archives que fica no ar 24 horas por dia, na homepage www.jb.com.br.

Finalmente, em setembro de 2010, o grande salto para o modelo digital. A notícia não se esgota com a sua publicação; ao contrário, e por intermédio da interação com o leitor, ela reinicia o seu ciclo de vida quando encontra o interesse do usuário. Os internautas recebem avisos de conteúdos específicos e o veículo abandona o papel.
Sem a incorreção ecológica e o ônus industrial, social e ambiental, o JB Digital amplia a fronteira que gerou o objetivo de alcance do celular: anytime, anywhere, anyone (em qualquer tempo, em qualquer lugar, para qualquer pessoa), porque acrescenta o link de interesse público nas áreas privadas, facilitando o seu contato direto com fontes específicas e primárias de informação. Inclui vídeos e se torna compatível com todos os leitores digitais (iPad, Kindle, Nook, Mix, Libre), em diagramação moderna e amigável, em papel eletrônico (e-paper), automaticamente adaptado à tela de qualquer computador.
Mais do que nunca o JB é um jornal relevante. E, agora, contemporâneo. Mas para continuarmos a merecer a preferência dos nossos leitores e anunciantes – como ao longo desses 120 anos – precisamos continuar contando com o apoio de ambos. Bem como com a dedicação e criatividade – que não nos tem faltado, muito pelo contrário – dos profissionais que, na redação, no comercial e na administração se juntam à comunidade de formadores de opinião do Rio de Janeiro para saudar os bons resultados que já começamos a colher, após esse rito de passagem. Porque somos um jornal relevante.



2 comentários:

  1. Eu ontem encontrei vc na tv do Ferreira, irreverente (adorável) como sempre, e aí bateu saudade. Hoje, vc provoca a saudade do JB...assim
    não é possivel...vou morrer de saudade!...o pior é q eu vivo enxarcada de saudades...minha postagem de ontem foi sobre tema de quase 2 séculos atrás...sou, metade, antiga...
    Concordo... é relevante, sim, o querido JB.No Rio
    onde vivi 25 anos, eu ia de JB...todo dia,agora,
    já não sujo as mãos....bem mais prático...mas que
    dá saudades, dá....

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  2. Saudade é o remédio agridôce que tomamos como se fôsse um suspiro dolorido de ausência daquilo - bom ou até mesmo mau - que sabemos não voltar mais...
    Esta tua cabeça é linda, amiga, que DEus te preserve assim.

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