Candidato do PRB aparece tecnicamente empatado com José Serra (PSDB) na última pesquisa Datafolha
Foto: Adriano Lima/Terra
Foto: Adriano Lima/Terra
O candidato do PRB à prefeitura da capital paulista, Celso Russomanno, está sob os holofotes. Impulsionado pelo resultado da última pesquisa Datafolha, que o colocou tecnicamente empatado com o tucano José Serra (30%), o jornalista, que alcançou 26%, virou a surpresa das eleições com chances de romper a histórica polarização PT-PSDB em São Paulo. A dúvida que paira é se ele conseguirá se manter na disputa e chegar ao 2º turno, ou se irá 'desidratar' e ceder o 2º lugar a outro concorrente.
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A única semelhança entre Serra e Russomanno parece ser o alto índice de conhecimento entre os eleitores: 99% e 94%, respectivamente. A partir daí, são apenas diferenças. O tucano já foi ministro das pastas de Planejamento e da Saúde, além de deputado federal, senador, governador e prefeito de São Paulo. O histórico que lhe deu notoriedade também joga contra ele: Serra tem o maior índice de rejeição entre os candidatos(37%). Além disso, a partir de agosto, Serra deve ter uma propaganda eleitoral gratuita na TV de quase oito minutos, a cada bloco de meia hora.
Russomanno, por outro lado, nunca foi eleito para um cargo no Executivo, embora tenha seus quatro mandatos como deputado federal para ostentar. Sua popularidade na TV como o indignado repórter das massas, que briga pelo direito do consumidor, rendeu-lhe grande aceitação nas periferias. Apesar de não ter boa penetração entre os eleitores com curso superior, segundo o Datafolha, a rejeição de Russomanno bate em 12% - três vezes menos do que o adversário tucano. Quanto à propaganda na TV, Russomanno tem pouco mais de dois minutos, e para levar adiante suas propostas tem de confiar nas mídias sociais - e lotar a agenda de compromissos.
Queda na semana
Russomanno teve uma semana difícil. Um dia após receber a notícia de que havia empatado tecnicamente com Serra, sofreu um acidente de bicicleta que lhe incomodaria pelos dias seguintes. Enquanto andava sobre as duas rodas com o filho na cidade gaúcha Três Passos, onde visitava a família de sua mulher, passou em um buraco e caiu. Machucou os joelhos e rasgou o cotovelo - onde teve de tomar dois pontos -, deixando parte do braço esquerdo em carne viva.
Russomanno teve uma semana difícil. Um dia após receber a notícia de que havia empatado tecnicamente com Serra, sofreu um acidente de bicicleta que lhe incomodaria pelos dias seguintes. Enquanto andava sobre as duas rodas com o filho na cidade gaúcha Três Passos, onde visitava a família de sua mulher, passou em um buraco e caiu. Machucou os joelhos e rasgou o cotovelo - onde teve de tomar dois pontos -, deixando parte do braço esquerdo em carne viva.
Para aguentar a maratona dos eventos de campanha, o candidato tomava analgésicos a pequenos intervalos. Um deles foi tomado no fim da tarde de segunda-feira, mas seus efeitos só foram sentidos no início da noite, durante seu discurso no lançamento do conselho político da campanha no Maksoud Plaza, na região da Paulista. As pílulas não chegaram a atrapalhar a linha de raciocínio, mas fizeram Russomanno falar com mais moleza - o suficiente para ganhar o apelido de "Vanusa" de um colega da equipe, em referência ao episódio em que a cantora se atrapalhou com o Hino Nacional.
A pior consequência da queda, no entanto, era sentida nos eventos de campanha na rua. Muito conhecido pelos programas de TV, Russomanno era puxado por todos os lados para tirar fotos com populares - puxado pelo braço, por aquele braço. "A gaze vai grudando na ferida, e vai dando uma agonia, e quando vai tomar banho tem que ir desgrudando... Desse jeito, isso não vai sarar nunca", queixou-se o candidato. Na quarta-feira, ele tentava junto à equipe arranjar uma janela na agenda do próximo domingo, para poder ficar em casa sem curativo nenhum.
Menos de uma semana após o início oficial da campanha, a mãe de Russomanno morreu aos 89 anos. Além do abalo emocional, o candidato foi obrigado a cancelar quatro dias de campanha, para passar tempo com a família. Essa necessidade, aliás, torna-se ainda maior por outra questão: sua mulher está grávida de quase oito meses. O bebê, uma menina, deve nascer antes das eleições.
Candidato indignado
Russomanno é descrito pelos que o rodeiam como uma pessoa tranquila. A relação com sua equipe nunca passou de um "pequeno piti" por causa de alguma tarefa que saiu errada. Mesmo quando, no início deste mês, o Ministério Público Eleitoral tentou impugnar sua candidatura por causa da ausência de pagamento de uma multa da eleição de 2010, diz-se que o principal afetado era a pessoa mais serena da casa. "Calma, gente. A multa já foi paga. Só precisamos achar o comprovante", disse ele, seguro, aos subordinados ainda pasmados.
Russomanno é descrito pelos que o rodeiam como uma pessoa tranquila. A relação com sua equipe nunca passou de um "pequeno piti" por causa de alguma tarefa que saiu errada. Mesmo quando, no início deste mês, o Ministério Público Eleitoral tentou impugnar sua candidatura por causa da ausência de pagamento de uma multa da eleição de 2010, diz-se que o principal afetado era a pessoa mais serena da casa. "Calma, gente. A multa já foi paga. Só precisamos achar o comprovante", disse ele, seguro, aos subordinados ainda pasmados.
O que o irrita, no entanto, são as causas externas, como buracos na rua, falta de atendimento em hospitais, proibição das sacolinhas plásticas nos supermercados ou ônibus construídos sobre chassis de caminhões (um de seus temas mais recorrentes). "Me irrita porque, poxa vida, o poder público é omisso em tudo", disse, com calma, sobre a própria irritação. E como motivos justos para reclamar nunca faltam em nenhum lugar, a indignação tornou-se sua plataforma política.
A boa aceitação da figura indignada se reflete muito bem nas caminhadas de Russomanno. Grande parte dos eleitores vem a ele apenas para tirar fotos, mas o candidato aproveita para cutucar alguma insatisfação da pessoa e apresentar alguma proposta sua que ajude na resolução. Outros se aproximam com alguma reclamação engatilhada, pedindo ajuda ao Instituto de Defesa do Consumidor, entidade criada por ele para mediar relações de compra e venda de produtos e prestação de serviços. Nesses casos, Russomanno aproveita para lembrar que ele também é candidato a prefeito. Como dizem os cientistas políticos e os candidatos que estão atrás nas pesquisas: as eleições ainda não estão na cabeça da população.
Propostas e debate Russomanno não vê nenhuma diferença entre o cidadão e o consumidor, e tornou o Código de Defesa do Consumidor a sua Constituição. "O eleitor é consumidor 24 horas por dia, dos serviços privados e públicos. Segundo o artigo 22, os serviços públicos por si ou por suas concessionárias são obrigados a prestar serviços adequados e contas essenciais contínuas", argumenta ele. "Para a lei, não existe nenhuma diferença entre o fornecedor de serviços privado ou público."
Suas propostas, portanto, remetem à prestação de serviços públicos. Nos eventos a que vai, Russomanno promete feitos como levar os médicos à casa das pessoas por meio do programa Saúde da Família, disponibilizar internet sem fio gratuita para toda a cidade, colocar ar-condicionado dentro dos ônibus e baixar a tarifa dos táxis para promover as corridas compartilhadas.
Nos debates com os outros candidatos, ele não deve puxar o assunto para a educação, já que discutirá com um ex-ministro (Fernando Haddad, do PT), um ex-secretário estadual (Gabriel Chalita, do PMDB) e com o tucano José Serra, munido com informações de seu vice, Alexandre Schneider, ex-secretário municipal na área. Suas ideias na saúde, no transporte e na área de inovação econômica, no entanto, devem ser seu carro-forte.
Candidato surpresa
"Russomanno é uma surpresa", afirma o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Francisco Fonseca. Segundo ele, a polarização PT-PSDB, histórica em São Paulo, está dando sinais de esgotamento, mas havia expectativa de que o beneficiado disso seria o candidato peemedebista Gabriel Chalita. Desconhecido de 40% da população, ele alcançou apenas 6% das intenções de voto na última pesquisa.
"Russomanno é uma surpresa", afirma o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Francisco Fonseca. Segundo ele, a polarização PT-PSDB, histórica em São Paulo, está dando sinais de esgotamento, mas havia expectativa de que o beneficiado disso seria o candidato peemedebista Gabriel Chalita. Desconhecido de 40% da população, ele alcançou apenas 6% das intenções de voto na última pesquisa.
Além da grande exposição na TV, outra explicação para o bom resultado de Russomanno é a ligação de seu partido com os neopentecostais. De acordo com a pesquisa Datafolha, Russomanno tem um índice de intenção de voto acima da média entre os evangélicos (34%). Para não dividir o eleitorado, no entanto, Russomanno evita se ligar a apenas uma religião. Nos últimos dias, além de ter pedido apoio a lideranças evangélicas e batistas, reuniu-se com pais de santo, ligados a religiões de matrizes africanas, e participou de missas católicas.
Um outro fator que enfraquece a polarização PT-PSDB é a própria resistência de setores dos partidos aos nomes escolhidos para a eleição. "Observamos dentro do PT que a campanha do Haddad não é unanimidade. A do Serra também não", afirmou Vinicius Carvalho, presidente estadual do PRB e um dos coordenadores de campanha, sugerindo que o apoio dos "descontentes" iria para o candidato de seu partido.
'desidratado'
O crescimento de Russomanno, no entanto, deve ser encarado com cautela, alerta o cientista político Francisco Fonseca. "Claro que ele tem virtudes, tenta passar uma imagem de alguém que quer resolver os problemas, tem discurso técnico, linguagem midiática... Mas ele tem um tempo pequeno de televisão", afirmou. Projeções iniciais mostram que sua coligação deve ter pouco mais de dois minutos a cada bloco de meia hora na propaganda gratuita, contra cerca de 7'40 de Serra e Haddad.
O crescimento de Russomanno, no entanto, deve ser encarado com cautela, alerta o cientista político Francisco Fonseca. "Claro que ele tem virtudes, tenta passar uma imagem de alguém que quer resolver os problemas, tem discurso técnico, linguagem midiática... Mas ele tem um tempo pequeno de televisão", afirmou. Projeções iniciais mostram que sua coligação deve ter pouco mais de dois minutos a cada bloco de meia hora na propaganda gratuita, contra cerca de 7'40 de Serra e Haddad.
"Outros analistas políticos disseram que eu ia desidratar quando saísse da televisão. Faz um mês que eu saí da TV e não desidratei até agora", respondeu Russomanno, citando outra previsão que também não teve resultado nas urnas. "Também foi previsto que depois que o Lula se apresentasse como padrinho do Haddad, ele cresceria, e não foi o que aconteceu. Será que os cientistas políticos estão certos ou toda regra tem exceção?"
Para Fonseca, no entanto, a candidatura de Russomanno deve, sim, "desidratar". "Historicamente, nas eleições brasileiras, é o horário eleitoral gratuito que é o grande definidor", analisou o especialista. "Já houve muitas vezes candidaturas que apareceram e depois esvaziaram." Segundo ele, Serra e Chalita não devem alterar o cenário atual da disputa, e duas forças devem definir o segundo turno das eleições: a capacidade de crescimento de Haddad e o fôlego de Russomanno.
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