OS MENSALEIROS DEVERIAM TER DISPUTADO AS OLIMPÍADAS: SÃO MESTRES NOS SALTOS SOB VARAS...

Resultado de Sasaki marca nova era na ginástica brasileira

ROGÉRIO SIMÕES, DE LONDRES

O ginasta Sérgio Sasaki Júnior quase não disputou a Olimpíada de Londres. Ainda se recuperando de uma cirurgia no tornozelo, ele foi incluído na equipe brasileira na última hora para ser o único representante do país na disputa geral, atuando em todos os seis aparelhos. Nesta quarta-feira, o esforço foi recompensado. Sasaki deixou a arena North Greenwich, em Londres, como o décimo melhor ginasta do mundo. O Brasil, que nunca chegara tão longe na ginástica masculina, toma um novo rumo nesse esporte visando os Jogos de 2016. A partir de agora, o Brasil briga por medalhas. Medalha pode até vir antes, na próxima segunda-feira, dia 6, quando Arthur Zanetti lutará por um inédito lugar no pódio na disputa das argolas. Mas ela não é necessária para saber que os homens da ginástica brasileira experimentam uma nova realidade. "A gente vive um momento bom, tem outros atletas muito bons. Temos de tudo para nos classificarmos por equipes para 2016 e ficarmos entre os oito do mundo", disse Sasaki, de 20 anos, ao final da competição.

O sorriso no rosto do atleta disfarçava uma leve decepção, por saber que, apesar de ter conseguido um resultado inédito, ele poderia ter ido ainda mais longe. A fragilidade do pé direito, operado meses atrás, obrigou Sasaki a realizar no solo uma série mais simples do que gostaria. Tivesse ele obtido uma nota maior do que os 14.233, o Brasil poderia estar comemorando uma colocação ainda melhor. "Estou super feliz por esse resultado, mas a gente quer medalha sempre. Até o último segundo do último aparelho eu pensava que queria a medalha. Mas eu não posso dar um pulo maior do que a minha perna."

Diante de ginastas consagrados, como o japonês Kohei Uchimura e o americano Danell Leyva, Sasaki mostrou estar em ascensão, com a possibilidade de voos muito mais altos. E voar foi o que ele fez no seu salto sobre a mesa. Voou e caiu de forma perfeita, arrancando aplausos eufóricos de toda a arena. A nota de 16.100, em uma das suas especialidades, o colocou em oitavo lugar no meio da competição. Veio a apresentação nas barras paralelas, e mais uma ótima nota: 15.200. Nesse momento, Sasaki, faltando dois aparelhos, ocupava a sétima posição. Acabou perdendo terreno no final do dia e se contentando com o décimo lugar, o seu objetivo definido para a Olimpíada. "O mais importante era sair com aquilo a que a gente se propôs. No ano inteiro eu briguei com uma lesão no pé, sem saber se eu seria trazido para cá, mas eu sempre acreditei que eu competiria bem. A gente não pode deixar de acreditar. Estou aqui e sou o décimo do mundo."