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30 julho 2007

Lua de Mel com Blecaute

("Humor cinza")




Eram, definitivamente, uma dupla à antiga, nestes tempos modernos. Ambos já haviam passado dos quarenta, ambos haviam sido submetidos a uma criação rígida, nunca lograram adaptar-se a estes modernismos dos jovens de hoje, como o tal de “ficar”, ao se conhecer numa festa, ou trocar de parceiros como quem troca de cuecas ou calcinhas, toda aquela facilidade de relacionamento entre pessoas que se sentem fisicamente atraídas, e este negócio de camisinhas e drogas usadas com tanta facilidade, para não mencionar o uso de um linguajar chulo, vazio e incompreensível.... Também não aproveitaram a sua época, em que Sida não representava mais que o apelido de uma pessoa, só que escrito com a inicial errada... Ambos, igualmente, não tinham parentes próximos, nem lá muitos amigos. Conheceram-se na fila do caixa de uma padaria, quando um pacotinho de presunto de Ruth caiu no sapato de Pascoal. E quando ela se abaixou para pega-lo, toda sem graça, ele parecendo nada perceber virou-se vivamente, para ajuda-la, crendo que escorregara, deu um passo à frente e o presunto voou longe. 200 gramas de presunto foram o pretexto para o início de uma conversação que foi parar num dos bancos da pracinha. Conversas estas que depois se repetiriam muitas e muitas vezes, só que com pipocas e sorvetes, ou algodão doce, nunca mais nada de futebol e presunto. Depois de alguns meses de segredinhos e confidências trocados, Ruth e Pascoal se pediram em casamento: isto mesmo, já que nenhum dos dois tinha a necessária coragem para dizer as palavras mágicas, os dois, cientes de que a idade estava avançando e o tempo ‘rugia’ para eles, fizeram o pedido estilo coral. Foi um lindo coral a duas vozes, aliás. Os passantes na praça que tiveram a sorte de ouvi-los, em grupo, aplaudiram delirantemente aqueles desconhecidos ternamente abraçados. Agora estavam ali, em plena lua de mel, naquele encantador chalé à beira de um rio, com um indefinível cheiro de coisa velha, de coisa guardada, de sapato mofado, ali em Petrópolis, generosamente emprestado pelo patrão de Pascoal; estavam ali, na coroação do passo mais importante de suas vidas, depois de dois anos de um namoro cerimonioso, quase secreto e um noivado hesitante e mutuamente expectante: afinal o casamento era um grande passo, um respeitável passo a ser dado. Uma grave responsabilidade que ambos assumiam! A vozinha dela soava-lhe como um gorjear de pássaros: -Querido, vou me trocar no banheiro, V. quer alguma coisa de lá? -Não, querida não preciso de nada, talvez depois... No que a porta se fechou suavemente, Pascoal ajeitou-se nos grandes travesseiros, e distraído retirou a dentadura dupla e a colocou na gaveta da mesinha do que já havia sido convencionado ser o seu lado da cama. Retirou com algum trabalho a calça e a trocou pela calça de pijama, amarrando bem o cordão. Ouviu o barulho da descarga, e sorriu. Ah! Os preparativos... Certificou-se que o lubrificante estava na gavetinha, desatarraxou a tampinha, furou a película protetora, já imaginou na hora agá ter de brigar com a bisnaga? Olhou em volta, aprovando o cenário, apagou a luz, e se enfiou debaixo das cobertas. Fazia um friozinho estimulante...

Ruth verificou se seu saquinho de colostomia estava vazio, ajustou bem a peruca, retirou as lentes de contato, sem as quais, aliás, não enxergava quase nada, apagou a luz do banheiro e entrou no quarto, de camisola comprida de lingerie e meias grossas nos pés. -Amor, V. apagou a luz? Aqui está tão escuro...Ela estava com dificuldades em simplesmente achar a cama de casal. -Apaguei, querida, mas se V. quiser eu acendo... -Não, não, eu só pensei...Tudo o que ela não queria agora era iluminação de qualquer natureza, imagina ficar pelada na frente do noivo, er,...marido?... Espere, onde V. está? E saiu tenteando na escuridão, para ela um breu duplo. -Aqui, bem, aqui...Me dá sua mãozinha...Está escuro mesmo, parece que vem chuva aí...Ela deu uns passos incertos, tropeçou e caiu para frente de joelhos, passando por cima da perna dele, toda desajeitada. - Oops! Isto deve ter machucado, pensou, mas ele não soltou sequer um ai. -Oh, querido, perdão, eu sou tão desastrada! -Desculpar? o que? V. estar nervosa?...Mas é natural...Vem aqui com seu Pascoal... -Não é nada, é que eu falo demais em certas ocasiões, deve ser mesmo nervosismo... -Não foi mesmo nada, me dá um beijinho...Beijos foram trocados, agora sem aquele recato e timidez de antes, era tão gostosa aquela sensação de posse que passava entre os dois, e depois de uma pausa arfante ele começou a dizer algo, um galanteio talvez, mas foi logo interrompido pela pergunta que inesperadamente vibrou na escuridão: -Pascoal? Que voz mais estranha esta sua?!....Está comendo algo?... -Não, querida, é que eu mordi a língua há pouco...Oh Ruth, isto é lá hora de se comer algo na cama?...Esta minha Ruth... -Desculpa, bem! Enfiou-se sob as cobertas e aconchegou-se ao abraço protetor do seu homem. -Que culpa, mea culpa, Ruth, acontece que eu me virei na cama e escorreguei o cotovelo na beira, e com o susto mordi a língua...Pascoal apreciava o zelo e o carinho da sua esposa. Bateu na barriga dela para tranqüiliza-la e foi quando sentiu algo mole, que mudava conforme apalpava, fugia para um lado e para o outro. O que diabos seria aquilo?... Ruth se apressou, antes que ele perguntasse: -Esta é uma almofadinha de estimação, sabe...Eu tinha de traze-la, vovó a usou, mamãe também, em suas luas de mel... -Mas que romântico isso...Deixa eu ver esta rica tradição familiar...Uma almofada nupcial... Nisso, raios e trovões fortíssimos atroaram os ares, iluminando a alcova através das cortinas, a janela se abriu com estrépito molhando o chão e lá se foi o Pascoal laboriosamente fecha-la. Ruth aproveitou para certificar-se de que a bolsa estava no lugar, ficou aliviada, mas não tanto, porque sentiu que ela começava a se encher... -Pronto! Mas que chuva, hein, querida, a meteorologia só dá fora ultimamente!... Abraçou Ruth, passou-lhe a mão na cabeça, tomou um susto: -Querida, o que houve com o seu cabelo? Veio com a minha mão?!... -Espera, querido, deve ser a minha mini-peruca que eu coloquei mal... Na escuridão total, Pascoal apalpou mais aquele monte de cabelos, grande demais para ser uma mini-peruca, e, intrigado, resolveu acender a luz do abajur. -Merda! Oh desculpa, querida, mas agora estamos sem luz...Mas só faltava essa?!... E ela, assustada e aliviada ao mesmo tempo, tentando ser romântica: -Para quê luz, Pascoal...Nós não estamos aqui juntinhos... Pascoal a abraçou ternamente e suas pernas se entrelaçaram. -Pascoal, querido?... Na escuridão já não tão acentuada pelo acostumamento do olho, ambos podiam ver o vulto bem ao seu lado, não tão bem delineado como se aquela fosse uma noite de luar. -Sim, Ruth?... -Suas pernas estão diferentes, que engraçado...Ele não pode deixar de se lembrar da anedota do marido “jumento” na noite de núpcias, mas não era aquilo, bem sabia, e ficou sério e firme. -Diferentes, diferentes como? -Uma está fria e a outra está quente... -Deve ser porquê eu estava deitado de lado... -Estava?... Ué, mas se você estava deitado de costas, ainda agorinha...Não estava?... -Eu sou assim mesmo, a minha temperatura varia de acordo com a posição... -É que a sua perna esquerda está muito dura, como um pau, desculpa falar assim...ah! ah! ah!...Já a direita está normal, até fria... -Dura como um pau? V. não está pegando outra coisa, né, ah! ah! ah!?... -Pascoal! Não seja vulgar, sim? Ela se virou de costas, amuada. Ele aproveitou para massagear a sua perna direita, sempre fora muito friorento. Depois abraçou Ruth por traz e acariciou sua barriguinha. -Ruth, esta almofada está quente, gostosinha, será uma bolsa térmica, por acaso? Não está fazendo tanto frio aqui no quarto pra isso, não?... Ruth deu um repelão e afastou-se: -Com licença, amor, mas eu preciso ir ao toalete... E levantou-se às cegas no que achava ser o rumo do banheiro. Trancou a porta cuidadosamente, tateou no armarinho que exalava aquele cheiro de mofo e achou uma vela, acendeu o fósforo para verificar, com horror, que a bolsa estava quase totalmente cheia. Tratou de troca-la às pressas, limpou-se como pode, e borrifou generosamente uma água de cheiro, só para se tranqüilizar. Pascoal aproveitou para recolocar as dentaduras, que havia retirado apenas pelo velho hábito de muitos anos de solteiro. E mesmo nem tinha ali um copo com água... Ruth voltou para a cama, e os dois recomeçaram o que para eles era para ser uma lua de mel. Chovia torrencialmente, aqui e ali um raio clareava brevemente a câmara de amores, mostrando dois seres desajeitados tentando usar do pouco que sabiam. O sexo, afinal, para eles, era apenas uma grande necessidade mal suprida, instinto e desinformação, era um acontecimento, uma recompensa esperada ao custo de uma vida sofrida que, cada um, em seu próprio mundo, levara. A repressão de uma criação vitoriana, a repressão de qualquer expressão física ou mental de qualquer coisa que pudesse levar embutida uma possível conotação sexual, e a tácita e silenciosa reprovação da sociedade perante a própria aparência física daqueles dois quarentões, dois ícones de um breve contra a luxúria, aqueles dois estavam ali juntos, para tentar seguir viagem levando suas esperanças de permeio aos seus próprios desencontros – e desencantos. -Ruth? Ele a abraçava ternamente por traz. -Sim, amor? Ela estava meio sonolenta depois do ato sexual (hi!hi!hi!...), mas jubilosa, adorara. Seus parâmetros de comparação eram quase nulos, virgem que ainda era, mas seus receios não se haviam concretizado, afinal fora tudo tão bom...Nem tinha doído... -E aquela sua almofadinha, onde está? Não estou achando, caiu no chão? -Está aqui do meu lado, querido...Querido? Olha, a sua voz voltou ao normal, que bom, sua língua sarou?... Pascoal estava contente, depois de tanta expectativa, graças ao bom Jesus havia colocado a tal geléia na cabeceira...Sua esposa era virgem! Ele era um homem de muita sorte, encontrar uma criatura também virgem nos dias de hoje...Virou-se para o outro lado, curtindo – não era isso mesmo que se dizia, curtir? – o momento, suspirou de contentamento, ajeitou a cabeça no travesseiro e... ATCHIM! -Que foi, querido, resfriou-se? -Não creio, foi algo que roçou no meu nariz...Levantou a mão e encontrou acima do travesseiro a miniperuca da mulher. Mini? Aquilo era uma peruca inteira, mini coisa nenhuma... - Ruth...Mas que negócio é este, miniperuca é que isto não é...Voltou-se, esticou a mão, tenteando, subiu pelo ombro dela, pelo pescoço enrijecido, sentiu-lhe a orelha, subiu mais...Que diabos, quase parecia que estava apalpando uma bola de futebol, lisa e quase sem cabelos... Ruth estava petrificada. - Ruth...Mas V. é careca?...O que foi feito dos seus cabelos? V. usa peruca?...É isso? O silêncio era sepulcral dentro do quarto. Pascoal perplexo, atordoado, levantou-se da cama, para ir ao banheiro, onde mais? E na escuridão tropeçou na cadeira, estatelando-se no chão com grande estardalhaço. -Querido? V. se machucou?... Silêncio total. Pascoal esforçava-se para levantar, mas uma desgraça acontecera, e ele apalpava às cegas, não achava a maldita perna de pau que carregava com sacrifício há anos, as tiras que a prendiam ao coto deviam ter se rompido com a queda, de tão velhas, ele devia ter mandado checar aquele couro há tanto tempo seco...Forcejou para subir na cama, esticou a mão e encontrou a barriga da mulher. -Me ajude a levantar daqui, droga, faça alguma coisa...Ela nem protestou com a grosseria, continuou paralisada. Tentou abraçar o flanco dela, a mão escorregou, trouxe a almofada junta, estava quente, a maldita almofada...Sentiu algo pastoso na mão, algo viscoso, um cheiro insuportável e muito familiar, mas não numa cama... -O que é isso, pelo amor de Deus? Mas o que é isso?!... -Isso, o que? A pobre Ruth estava consternada, apavorada, arrasada e todos os outros adas que se queiram inserir aqui, apropriados para o momento. De súbito, a luz simplesmente voltou, e na probabilidade de 50% do liga e desliga frenético de Pascoal ao acionar o interruptor, quando a luz faltara, - bingo! - o danado ficara em “on”... A luz amarelada iluminou então um quadro dantesco: no chão, com uma perna só, a direita, a que era a fria, remava Pascoal, tentando limpar a mão cheia de merda no lençol. A outra perna, a que era a quente, a de pau, a esquerda, jazia deitada placidamente em frente à cômoda. Na cama, uma Ruth esvaindo-se pelo orifício da colostomia, soluçando perdidamente, uma figura de extraterrestre, com aquela cabeça redonda e lisa como uma bola de bilhar. Graças ao Deus misericordioso, na sua miopia, ela sequer podia ver a expressão estupefata de Pascoal. -V. devia ter contado para mim, Ruth! Devia ter contado... -Eu... Eu ia, mas não tive coragem...E V?...E esta perna de pau? Contra-atacou, porquê é uma perna de pau, não é? -E V. ainda me pergunta? Não está vendo ela ali?... -Ali onde?...Onde ela está?... -Onde? Mas V. é cega, Ruth? V. enxergava bem o bastante, o que diabos é isto, porra? Casei com outra?... -Não seja mal-educado, Pascoal! Eu uso lentes de contato... -Lentes? Mas devem ser antes telescópios...Ruth aí sentiu que tinha de replicar, o que fez, o que a deixou horrorizada, mas grasnou: -Ó Pascoal!!! E aquela sua perna descartável acolá, é de jacarandá ou de pinho vagabundo?... Pascoal parou de remar, ficou ainda mais apoplético: -Ah é, é?...E esta cabeça pelada, é uma nova moda em Paris, és transformista em boates gay ou o que?... -Seu boca de chupa ovo, como ousa? Ruth, passado o trauma daqueles momentos de revelação, estava agora toda arrepiada, mas de pura raiva, transtornada com tudo aquilo. Sempre fora humilhada, espicaçada, nunca reagira às ofensas que uma criatura mansa coleciona ao longo da vida. Mas agora, no momento mais importante de sua existência, corada e até esquecida do mau cheiro e da vergonha pela qual passava, descobria-se guerreira, levantava-se no púlpito de suas frustrações como uma leoa ferida. Pascoal apenas tentava manter as próprias mãos o mais longe possível do nariz. -Porisso que V. mancava quando passeávamos, e dizia que tinha uma perna mais curta que a outra! Mas que senhor mentiroso de marca!... -E a senhora, que fizesse dia frio ou dia de calor senegalês, sempre com aqueles casacos de grandes bolsos laterais, eu não entendia o porquê...Era pra botar os sacos de colostomia...Não é assim que se chamam?... -E o senhor, que um dia me aparecia com uma bela dentadura e no outro com a boca murcha, parecendo o seu avô... Agora entendo...Reparos e manutenção, não era?... -Dentadura não é crime, minha cara senhora! -Lentes de contato também não, caríssimo senhor... -E este troço aí na sua barriga?... Não me disse nada, não entrou no contrato de casamento pela janela! -Tenha piedade, mas é o roto falando do esfarrapado...Eu casei com um homem de duas pernas e que tem uma só, afinal!...Esta outra é a vice-presidente ou o que?... -Não debocha, Ruth, ninguém aqui está em condições de faze-lo! Agora, senhores, vamos dar uma pausa, o bastante para que Ruth e Pascoal, sobre organizar e limpar a confusão do quarto, lavar-se no chuveiro, ajeitar as cristas murchas do mútuo orgulho ferido possam sentar-se na beiradinha da cama, de mãos dadas, em frente à janela, aberta de par em par, silenciosamente contemplando o luar que agora reina esplêndido, e que consigam dizer alguma coisa que possamos ouvir... Mas, não; não mais haveremos de nos divertir maldosamente com as desventuras daquele casal... Afinal, o silêncio agora fala abundantemente pelos dois. As mãos ternamente entrelaçadas fazem todo um discurso. E, na verdade, não deveremos esperar mais nada que venha deles, que seja hilário o bastante para ser registrado. Sabem porquê?... Ambos sofreram, computadas suas vidas conturbadas, - e conviveram intimamente - com decepções e imprevistos terríveis, um com a amputação da perna depois de um atropelamento, e a perda total dos dentes, e a outra com um tumor maligno no intestino, o sofrimento de uma quimioterapia prolongada, com o ônus de uma calvície total, a bolsa de colostomia definitiva, sem nunca se animarem ou mesmo encontrarem um ouvido amigo onde desabafar suas mágoas, sem nunca se animarem a contar nada mesmo um para o outro, quando se conheceram; mas ambos sabiam da comunhão de sentimentos, com respeito ao fantasma da solidão, aquela impenetrável, acachapante, terrível sensação de se estar só, mesmo no meio de uma multidão. Aquela sensação de se estar impotente, voltado para um muro de cimento, úmido e sombrio, a sensação de fim de estrada percorrida. Sem esperanças no amanhã, sem poder ver a luz do dia, mesmo que o sol esteja brilhando sobre a sua cabeça. Um casamento, para os dois, representava uma porta de fuga tão sonhada. Eram, um para o outro, ao mesmo tempo barco e âncora, barco e porto. E foi por esta razão que aquele casal, carregando, um, uma perna de pau e uma dentadura postiça, e a outra uma peruca inteira, um saco de colostomia e um par de lentes de contato, conseguiu ultrapassar aquela inesquecível e dura prova e, bem, o que lhes posso dizer é que ficaram agarradinhos um ao outro até o fim de suas vidas, como o fazem um marisco e um rochedo, ou qualquer outra imagem poética que os senhores e senhoras aqui queiram agregar.

3 comentários:

  1. Que dupla:
    Parece que Pascoal e Ruth nasceram um para o outro!!!

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  2. Ou, talvez, que ambos encalharam um para o outro!

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  3. Que história! Muito bem escrita!

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