vermelha como a glande, que não sendo muscular
é dela sucessora natural na competência
da nobre arte de fornicar;
esguia, achatada, molhada, viscosa,
como enguia mora numa caverna
de onde sai, às vezes furiosa,
sem nem porisso deixar de mostrar-se terna!
É parceira dos dentes no saborear dos beijos,
das bocas às vezes frias, às vezes candentes,
mensageira da saliva que se troca entre arquejos,
na volúpia dos momentos mais concupiscentes...
Órgão muscular por excelência,
mas a sua força reside na esperança:
cria lentamente a medo, uma querença
em todo o lugar que seu carinho alcança!
Órgão sexual atribuido aos velhos
pela maledicência de quem não a emprega,
de quem nunca se poz de joelhos
a saborear com ela uma gruta, acidente ou prega!....
Língua, que pode estar mole e logo após dura
no estudo atento e febril da Anatomia
lingua que investe, que enlouquece, mas não fura,
respeitando da glande sempre a primazia,
Língua, que no beijo realiza com outra igual
no recato de quatro lábios irmanados
aquele mesmo lésbico ritual
de dois corpos iguais e limitados...
Mas...as delícias que ela sabe proporcionar!
eis que numa relação qualquer que se prezasse,
nunca se ouviu de bons parceiros reclamar
que ela fosse má, irritante ou que agastasse...
Não sei, então e aquelas com piercings pontiagudos e ferrujentos?
ResponderExcluirJá lá dizem os antigos: Enquanto tiver língua e dedo nada me mete medo!! :)
ResponderExcluirÓ Rafeiro, tu entendes de pulgas,mas piercings enferrujados e pontiagudos?!
ResponderExcluirsimplesmente eu...de quem são estes belos versos? estou entre Camões e Pessoa...
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